Vapor Benjamim Guimarães retorna às águas do Rio São Francisco

Em fase final de reforma, histórica embarcação é colocada no leito do Velho Chico, mas retorno dos passeios no rio ainda vai depender de trâmites burocráticos


Vapor Benjamim Guimarães retorna às águas do Rio São Francisco Vapor Benjamin Guimarães é colocado novamente dentro d água no Rio Sao Francisco, em 3 de maio de 2025 crédito: Ivan Rodrigues/divulgação

O lendário barco à vapor Benjamim Guimarães foi colocado novamente dentro d' água neste sábado (3/5), no Rio São Francisco, em Pirapora, no Norte de Minas. A operação representa um passo importante na reforma da histórica embarcação, a fim de que ela possa voltar a navegar. 

Parado há 12 anos, o vapor tem a sua “reinauguração” marcada para o dia primeiro de junho, dentro da comemorações do aniversário de Pirapora. O retorno dos passeios turísticos no Velho Chico deverá ocorrer no segundo semestre, em outubro ou novembro, após vencidas algumas burocracias. A navegação depende também do volume de água do rio.

O Benjamim Guimarães, única embarcação movida a vapor a lenha ainda existente no mundo,  foi retirado da aguá da aguá há cinco anos, ficando “estacionado” em terra em um ponto próximo do porto de Pirapora, para a reforma da estrutura. Os serviços estão a cargo da empresa Indústria Naval Catarinense (INC) e foram viabilizados, em setembro de 2024, pelo Ministério de Minas e Energia e pela Eletrobrás, com verba federal, no valor de R$ 5,8 milhões, do Programa de Revitalização dos Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas do Rio São Francisco e do Rio Parnaíba.

Devido ao peso do barco, 243 toneladas, a operação para o seu retorno ao leito do Rio São Francisco dependia da elevação do volume do rio. Para isso, na tarde dessa sexta-feira (2/5), foi necessária aumentar a liberação de água no reservatório da Usina Hidrelétrica de Três Marias, de cerca de 200 m3/s para 650 m3/s. A ampliação, solicitada pela prefeitura de Pirapora e pela Eletrobrás à Cemig, se prolongou até este sábado.

Na operação para colocar o icônico vapor dentro d água,iniciada na tarde de sexta-feira e concluída na tarde deste sábado, foram utilizadas boias e máquinas escavadeiras, tudo acompanhado pelos técnicos com muito cuidado.

O presidente da Empresa Municipal de Turismo de Pirapora (Emutur), Elton Jackson Gomes da Mota, explicou que, neste sábado (3/5), a empresa responsável pela recuperação do histórico barco apenas colocou a estrutura dentro d' água, dando sequência aos serviços de reforma, com testes de “flutuabilidade”. Desta forma, a caldeira do vapor ainda não foi acesa.

Elton Jackson disse que mesmo não ouvindo o apito Benjamim Guimarães – o sinal sonoro do seu funcionamento, os moradores de Pirapora comemoram o retorno da embarcação para o Rio São Francisco.

“A recuperação do vapor representa muito para Pirapora e para a região, não só culturalmente, mas, principalmente como instrumento de incentivo turístico, que mexe bastante com a cadeia econômica da nossa cidade. Depois do próprio Rio São Francisco, o vapor Benjamim Guimarães é um de nossos principais atrativos turísticos”, salienta o presidente da Emutur.

Durante a “revitalização”, foi feita a reforma geral do vapor na parte de madeira. Houve também a instalação de novas caldeira e chaminé e reestruturação de grande parte do casco e da casa de máquinas. “O vapor hoje, está novo, e muito bonito. (Isso é) um orgulho não só para Pirapora, mas para toda Minas Gerais e o Brasil. Afinal, é o único vapor no mundo ainda movido a caldeira de lenha”, comemora Elton Jackson.

Ele disse que a Emutur e a Prefeitura, oficialmente, vão receber a embarcação “pronta para navegar” no próximo dia 26. Após a reinauguração, no dia primeiro, a administração municipal vai manter contatos com a Marinha do Brasil para que seja feita uma vistoria visando a liberação dos passeios pelo rio. Também deverá ser mantido contato com o Departamento de Infraestrutura em Transportes Terrestres (Dnit) para a sinalização dos pontos de navegação dentro do leito do rio.

História

O vapor Benjamim Guimarães foi construído em 1913, pelo estaleiro norte-americano James Rees & Sons, e navegou inicialmente pelo Rio Mississipi, no país de origem. Na sequência, veio para o Brasil, onde, por alguns anos, percorreu o Rio Amazonas, sendo transferido para o São Francisco a partir de 1920.

Na segunda metade da década de 1920, a firma Júlio Guimarães adquiriu a embarcação e a montou no porto de Pirapora, recebendo o nome de “Benjamim Guimarães”, uma homenagem ao patriarca da família proprietária da empresa. A partir de então, o vapor passou a realizar contínuas viagens ao longo do Rio São Francisco e em alguns dos seus afluentes.

 O Benjamim Guimarães foi tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA-MG) em 1985. Durante décadas, o vapor foi um importante meio de transporte para mercadorias e passageiros, conectando comunidades ribeirinhas e promovendo o comércio e a troca cultural. A cada viagem entre Pirapora e Juazeiro (BA), trecho de 700 quilômetros em que o Rio São Francisco é navegável, ele se tornava um elo entre o passado e o presente, transportando não apenas pessoas, mas também tradições e memórias.


A partir da década de 1980, o Benjamim Guimarães passou a ser usado para passeios turísticos, com ponto de partida e de chegada em Pirapora. Com problemas em sua caldeira e outras avarias, em 2013 o vapor parou de navegar.

O processo de recuperação ficou muito tempo parado devido à falta de dinheiro e só foi viabilizado em setembro de 2024, pelo Ministério de Minas e Energia e pela Eletrobrás, com verba federal, do Programa de Revitalização dos Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas do Rio São Francisco e do Rio Parnaíba , após entendimento com o Iphan e com a Prefeitura de Pirapora.




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